Cozinhar é muito fácil!
Antes da construção de Brasília, não existia estrada com asfalto em Goiás, só havia a estrada de ferro que ligava Goiânia ao Triângulo Mineiro e seguia até São Paulo. Nesse tempo, e até o início da década de 1970, meu pai trazia para Goiás touros de Uberaba, pelo trem de ferro, e andava a cavalo de fazenda em fazenda comercializando esses touros. Naquela época, tudo era distante e, muitas vezes, devido a intempéries da natureza, ele gastava um dia inteiro para ir de uma fazenda à outra; então, ele e seu ajudante precisavam ter algo não perecível à mão para forrar o estômago. Por isso, sempre carregava na sua sela uma rapadura e uma lata com paçoca de carne seca, feita pela minha mãe, que fritava a carne em banha de porco (em banha o alimento dura mais), depois socava no pilão com a farinha até virar uma substância só. Lembro-me bem do cheiro e do sabor dessa paçoca, inigualável nos tempos atuais. Até quando meu pai voltava de suas viagens boiadeiras, cerca de 30 dias depois, a paçoca que sobrava na lata ainda estava cheirosa e saborosa.
Aqui em Brasília encontrei um lugar que serve uma paçoca semelhante, segundo o proprietário, feita no norte de Goiás. O Restaurante e Carne de Sol Gibão fica dentro do Parque da Cidade, próximo à Hípica do Parque, e serve essa maravilhosa paçoca de pilão que compõe o prato de carne de sol completa, por R$73,90 (serve 3 pessoas). E também em porção só de paçoca por R$14,90 para delivery: (61) 3226-2449.
Quero aqui compartilhar a receita deles de paçoca, que hoje já não é mais feita no pilão, por exigência do órgão de saúde pública, e sim no liquidificador, por ser mais adequada para os tempos atuais. Não é a mesma coisa da que minha mãe fazia no pilão, mas fica muito boa e você pode fazer em casa.
Ingredientes para 1 kg de paçoca
– 1,2 kg de carne de sol (o Gibão usa de coxão duro ou lagarto)
– 100 gramas de farinha de mandioca torrada
Asse a carne na churrasqueira ou no forno até ficar bem passada, mas sem torrar. Corte-a em fatias, como para servir no palito, coloque em uma panela ou frigideira e frite na própria gordura, que deve ser pouca, deixe dourar bem.
Bata a carne no liquidificador e em seguida insira a farinha, bata mais um pouco e só. Está pronto. É bem simples. Também pode ser feita com a carne assada que sobrou do churrasco, aí basta colocar um pouquinho mais de sal fino e fritar.
PULO DO GATO
Para conservar por muito tempo, não adicione nada além da carne de sol e da farinha, como cebola, alho, cheiro verde etc., esses temperos devem ser colocados só na hora de servir ou diretamente no prato de cada um.
